Um caldo grosso, misturado à lama e ao lixo é o que resta de grande parte do mangue ainda existente no rio Sanhauá, na área que corta a cidade de Bayeux. O mau cheiro e a progressiva morte do rio, segundo os ambientalistas, são resultado de séculos de degradação, provocada pela ação da população ribeirinha, que transforma o rio em lixão, e pelo lançamento do esgoto de toda a cidade diretamente nas águas.

O resultado disso, de acordo com a dona-de-casa Ana Nery da Silva, tem sido a extinção da coleta de caranguejos na maioria das comunidades ribeirinhas e o surgimento de doenças. “O mangue por aqui já está praticamente morto e, que eu saiba, ninguém pesca mais por aqui, não”, disse, acrescentando que a situação do rio também não é animadora. “A gente olha e só vê lama ali onde tinha mangue”, lamentou.

A estudante Samara Suellen Ribeiro tem 18 anos e mora há 13 no bairro do Sesi. Ela explicou que, desde pequena, convive com uma realidade que envolve esgotos correndo a céu aberto, insetos e muitos problemas de infra-estrutura. “Estou esperançosa agora, com essas obras de esgotamento sanitário que estão construindo aqui”, disse, referindo-se ao projeto desenvolvido pelo governo do Estado.

“É uma forma de pelo menos o esgoto atualmente lançado no rio ser levado para outro lugar e tratado. Quem sabe assim essa degradação toda não acaba”, questionou a estudante. A opinião de Samara é compartilhada pelo diretor de Obras da Cagepa, Rubens Falcão, que apontou os programas em andamento na cidade como o caminho para acabar com o lançamento de esgotos no rio.

“O governo do Estado, através da Cagepa, está investindo recursos de mais de R$ 11 milhões em obras de esgotamento sanitário na cidade. Nossa meta é que até meados do próximo ano, Bayeux passe a ter 80% de suas ruas dotadas de esgotamento”, ressaltou Rubens Falcão, lembrando que as obras na cidade estão entre as prioridades do governador Cássio Cunha Lima.

Projeto está orçado um R$ 11 milhões

As obras de esgotamento sanitário em andamento na cidade de Bayeux contam com investimentos da ordem de R$ 4,2 milhões, provenientes de recursos próprios da Cagepa; R$ 4,3 milhões do programa Boa Nova, através de empréstimo do governo do Estado junto à Caixa Econômica Federal (CEF); e R$ 3 milhões viabilizados a partir de convênio assinado com o Ministério das Cidades. “São investimentos suficientes para atender praticamente toda a cidade com esgotamento”, disse Rubens.

O quadro enfrentado atualmente na cidade é o de que, sem rede coletora, o esgoto residencial acaba sendo cana-lizado para as galerias pluviais e, com isso, vai diretamente para os rios Sanhauá e Paraíba, que cortam a cidade nas duas extremidades. O resultado disso, segundo o comerciante Alexandre Mag-no, é a crescente destruição dos mangues e muita doença, que acabam acometendo a população.

A implantação do esgotamento sanitário em Bayeux, segundo o engenheiro da Cagepa encarregado da obra, Ricardo Moisés, estão em ritmo acelerado. O trabalho consiste na construção de estação elevatória de esgoto, emissários e 32 quilômetros de rede coletora de esgotos. Ele explicou também que, após a conclusão da obra, todo o esgoto coletado na cidade será enviado para a Estação de Tratamento da Cagepa localizada no Róger, em João Pessoa.

“Com isso, o governo do Estado vai acabar com uma chaga existente na cidade, na atualidade, que é a emissão do esgoto diretamente nos rios”, ressaltou Ricardo Moisés. O discurso dele é reforçado pelo diretor de Expansão da Cagepa, Rubens Falcão, que citou o fim da poluição como única forma de recuperar os rios Sanhauá e Paraíba. “A medida vai frear a degradação dos mangues, que são fonte de renda para centenas de famílias”, lembrou.

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