A situação dos moradores do Edifício Canaã, no Bessa, só terá solução em março do ano que vem. Pelo menos é esta a previsão das Secretarias Municipais de Desenvolvimento Social e Habitação, que incluíram 31 das 44 famílias que moram no local no programa de habitação que está construindo mais de 1,2 mil casas no Parque Sul I. As outras 13 serão atendidas por programas do Estado, através da Companhia Estadual de Habitação Popular (Cehap). E mesmo com a proximidade do período de chuvas, a Sedes só vai retirar as famílias de lá se a Defesa Civil interditar o prédio e determinar a desocupação.

Semana passada, o curador do cidadão, Valberto Lira, recebeu representantes dos moradores do prédio, que desejam encontrar uma solução viável para o problema. Eles estão reunindo documentos para, junto com o Ministério Público, garantir a desocupação do prédio. “Vou convocar a Prefeitura para esclarecer o que está sendo feito em relação àquelas pessoas”, avalia o curador.

De acordo com o secretário adjunto da Habitação, João Azevedo Lins, não há dúvidas sobre o atendimento a estas famílias, mas explicou que agora é preciso esperar um pouco até que as casas fiquem prontas, o que só deve acontecer em março, prazo máximo para entrega da obra. De acordo com o diretor de Educação Ambiental Comunitária da Sedes, Ronaldo Benício, as famílias só estão sendo atendidas agora porque, até então, não havia consenso sobre uma solução para o problema.

Outros três prédios de João Pessoa estão na mesma situação e seus moradores também serão atendidos pelo programa de habitação. Além do Canaã, também foram ocupados os prédios do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), na avenida Duque de Caxias, no Centro, que já teve a ordem de despejo emitida pela Justiça desde a última quarta-feira, o Armazém Cibrasen, na ilha do Bispo, e o antigo matadouro, perto do Distrito Industrial.

Com o início das chuvas, o clima é de apreensão. Uma das moradoras do local, Lindalva Duarte da Costa, levou a equipe de reportagem para um passeio pelos corredores do prédio e mostrou os motivos para tanta preocupação. Se a aparência da estrutura, por fora, já é visivelmente frágil, por dentro é possível observar com mais detalhes o tamanho do risco que os moradores estão correndo. As paredes estão cheias de rachaduras, há muitos buracos nas paredes, a água escorre pelos corredores entre os apartamentos e não há proteção entre a escada e o local onde deveria ter sido instalado um elevador.

Infiltrações preocupam moradores

Quando se anda pelo prédio, sente-se a vibração do piso, que piora com o alto volume dos aparelhos de som, ligados nos apartamentos. Além da água entrar pelas janelas abertas e sem nenhuma proteção, as muitas infiltrações fazem com que a água desça pelas paredes também. “Quando chove, inunda tudo, a água toma conta das casas e a gente fica sem ter nem onde se esconder”, lamenta Lindalva. Os moradores mais atingidos são os do quarto andar, já que a água se acumula na laje em cima do prédio.

Mas, em busca de uma solução, eles acabam piorando o problema, já que jogam a água de cima do prédio para fora, que acaba escorrendo pelas paredes e entrando nos apartamentos de baixo, juntado-se à água que entra pelas infiltrações. O cenário descrito pelos moradores é de caos total. “Ah, minha querida, quando está fazendo sol a gente até fica contente, mas quando chove, a situação fica triste”, lamenta Lindalva, que conta que já dormiu várias noite de chuva pelas calçadas das casas da vizinhança, com medo do prédio cair no meio do sono.

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