por Aline Oliveira
Jornalista, assessora de comunicação da Fundação Margarida Maria Alves

Neste final de ano viu-se espalhar em todo o Brasil um sentimento de desconfiança em relação ao Terceiro Setor. Depois da prisão de uma quadrilha que captava milhões de reais para cuidar de pacientes de câncer e que atuava em vários estados brasileiros sem atender uma única pessoa, a sociedade perdeu um pouco de suas referências e começou a olhar com olhos atentos para este Setor. Afinal, como separar o joio do trigo neste mar de escândalos?

Para quem atua de forma séria dentro do Setor, esta desconfiança é apenas mais um obstáculo a ser vencido na batalha diária de manter uma entidade funcionando. Quantas e quantas vezes, é preciso contar com o apoio voluntário e apaixonado de quem apenas quer ver o mundo um pouco diferente para poder garantir que os resultados serão alcançados? Quantas vezes é preciso contar apenas com a boa vontade para fazer mais do que é possível, mas o que é necessário.

O que se vê, na verdade, é a necessidade dos órgãos de controle se fazerem mais presentes e que seja garantida a transparência deste trabalho. Este ano foi marcante para a Paraíba neste sentido, pois finalmente começou a funcionar a Curadoria das Fundações, que a partir de então começa a fiscalizar de forma mais atenta quem trabalha em atividades ditas “sem fins lucrativos”, mas está captando recursos para isso. Os escândalos também chamaram a atenção de outros órgãos, mas o que se vê no momento é que também eles estão entrando no clima de desconfiar de tudo e de todos.

Esta, no entanto, também é uma boa oportunidade para que as entidades percebam que os tempos são outros e que hoje se faz necessário ter uma visão quase mercadológica da gestão das atividades e dos recursos, principalmente em relação à prestação de contas e monitoramento dos resultados. Afinal, nosso produto não é palpável, mas pode ser comprovado – e quem financia nossas atividades merece uma satisfação sem rasuras.

Como já foi dito, é preciso saber separar o joio do trigo. Assim como a Fundação Margarida Maria Alves tem consciência de estar, com muito esforço, cumprindo com o seu papel, contando apenas com o apoio da Cooperação Internacional, muitas outras entidades parceiras também merecem a confiança da sociedade. O que esperamos é que tudo isso seja esclarecido e, ao final, as entidades que trabalham com seriedade vejam suas reputações serem protegidas através da divulgação de quem cumpre com seus compromissos de forma ilibada e transparente.

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