Um ano e meio depois de ter passado três dias presa acusada de tentativa de homicídio contra o marido, Rosângela Silva Santana, 39 anos, vai para júri popular por determinação do juiz. A equipe de advogados que está atuando em defesa dela deu entrada em recurso para tentar modificar a decisão do juiz, mas até o fechamento desta edição, o pedido ainda tinha obtido uma resposta da justiça. Rosângela

Acusação foi motivada pelo tiro que Rosângela teria disparado contra o marido, o cabo da Polícia Militar Júlio Gaudino Santana Filho, que havia espancado a companheira antes dela conseguir pegar sua arma de trabalho. O incidente aconteceu depois da vítima ter tido suas roupas rasgadas com canivete depois do agressor questioná-la o endereço de um ex-namorado, ameaçando-a também colocando o revólver em sua boca e amarrando-a no banco de trás do seu carro.

A violência aconteceu depois que os dois saíram de uma festa próximo à casa de Rosângela, que, em um momento de distração de Gaudino, pegou a arma e fugiu do veículo. Ao ser alcançada pelo agressor, Rosângela acabou disparando um tiro no ar. Depois disso, o cabo não apenas a prendeu como chamou outros colegas policiais, que chegaram em uma viatura e a levaram, por volta das 5 horas da manhã, para a 8ª Delegacia de Polícia de João Pessoa.

De acordo com a advogada da Fundação Margarida Maria Alves, Cândida Moreira Magalhães, que compõe a equipe que está fazendo a defesa de Rosângela na justiça, o ciclo de violência contra a vítima já tem duas décadas. Três anos antes da prisão, cansada das agressões e humilhações a que era submetida, ela resolveu se separar, voltou a estudar e trabalhar, atuando hoje na Coordenadoria de Políticas Públicas para as Mulheres do município de João Pessoa. “Ela estava tentando se reerguer e retomando a vida que deixou de viver ao longo dos 20 anos de casamento”, conta.

No ano anterior ao incidente, no entanto, as sucessivas tentativas de reaproximação e as constantes demonstrações de estar arrependido e disposto a mudar para reatar o casamento fizeram Rosângela voltar atrás na separação. Mas nos seis meses em que voltaram a morar juntos as cenas de violência voltaram a acontecer, motivando três denúncias à polícia, que não resultaram em nenhuma providência. O habeas corpus que libertou Rosângela foi concedido pelo desembargador Antônio Carlos Coelho, do Tribunal de Justiça da Paraíba, que atendeu ao pedido da advogada Josenice de Andrade, entendendo que Gaudino havia invertido a situação de violência para beneficiar-se.

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