Por: Marcela Sitônio

A paraibana Elizabeth Altino Teixeira, viúva de João Pedro Teixeira, líder camponês assassinado no período da ditadura militar, é uma das escolhidas para concorrer a quinta edição do prêmio Diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz, concedido pelo Senado Federal durante as comemorações do Dia Internacional da Mulher, que acontece em oito de março.

O prêmio foi instituído há quatro anos pela Mesa do Senado Federal, com o objetivo de homenagear, anualmente, mulheres que tenham prestado relevantes serviços em defesa dos direitos femininos. Pela primeira vez, uma paraibana é indicada para concorrer ao Diploma.

A iniciativa de apresentar uma relação de paraibanas para concorrer ao prêmio foi da deputada estadual Iraê Lucena (PMDB-PB), presidente da Comissão dos Direitos da Mulher e da Igualdade de Oportunidades da Assembléia Legislativa da Paraíba.

Ela entregou a lista das concorrentes à senadora Serys Slhessarenko (PT-MT), presidente do Comitê responsável pela entrega do prêmio, durante sua vinda da parlamentar à Paraíba, em novembro de 2005, quando participou de Sessão Especial do Dia Internacional da Não Violência Contra a Mulher.

Destaque
Elizabeth Altino Teixeira – Mulher, trabalhadora Rural, sobrevivente; Sobreviveu ao autoritarismo, al latifúndio e aos latifundiários, às perseguições, à clandestinidade, às amarguras, à paulatina destruição da sua família – do seu companheiro João Pedro Teixeira, de filhas e filhos, da terra, de companheiros de luta!

Participante da Organização das Ligas Camponesas, na Paraíba, mais precisamente em Sapé, viúva do grande líder camponês, seria sua futura dirigente e cresceu na luta, com muita determinação e coragem! Natural de Sapé, hoje com 79 anos, quase todos marcados por grandes tragédias. 20 desses 79 anos ela passou na clandestinidade, fugindo da ditadura militar, no município de São Rafael, no Rio Grande do Norte, desde a morte de João Pedro (1962 a 1983), com o nome de Marta Maria Costa.

20 anos afastada do seu bem maior: seus filhos e filhas, por questões de segurança! Os quais ela veio encontrar 20 anos depois, todos adultos e espalhados pelo mundo! Mas ela nunca se deixou intimidar. Desafiou o autoritarismo e o tempo. Sua maior bandeira de luta sempre foi a reforma agrária e sempre será!

Mesmo sem viver mais no campo, nem participar de organização sindical, para ela, a reforma agrária é a saída para muitos dos problemas dos trabalhadores brasileiros do campo e da cidade e para o nosso país!
Elizabeth, no filme “Cabra Marcado para Morrer”, que retrata a saga da família Teixeira, denunciou a perseguição, a tortura e a morte de muitos camponeses. Elizabeth é o retrato do nosso povo, do povo nordestino, homens e mulheres, que ela encarna como ninguém, com sua coragem, sua força e sua lucidez. Elizabeth é também o retrato da mulher condicionada na cultura patriarcal, da alienação, da falta de direitos: de que “não precisava estudar, porque era mulher”.

O rompimento com as estruturas familiares se deu com o casamento com alguém inusitado para aquela família: Trabalhador rural, pobre e negro! Rompendo as fronteiras das intolerâncias sociais e étnicas. Hoje, ela reside em João Pessoa, no bairro de Cruz das Armas; Recebeu a maior Comenda da Assembléia Legislativa que é a Medalha Epitácio Pessoa, uma forma do legislativo homenagear uma mulher que se tornou símbolo da luta pela liberdade, pelos direitos e contra a violência no campo.

Foi indicada para o Prêmio Mil Mulheres pela CUT nacional. E, hoje a Paraíba a indica para o Prêmio Bertha Lutz, do Senado Federal. Somos nós, mulheres paraibanas, todas, Elizabetes!

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